Editorial

Em meio ao Carnaval, uma crise a ser solucionada

Enquanto muitos pelotenses estão viajando, descansando ou mesmo curtindo o retorno dos festejos carnavalescos às ruas depois de dois anos de cuidados por conta de uma crise de saúde pública, é justamente esta a área que enfrenta uma crise neste momento na cidade. Conforme o Diário Popular vem acompanhando de perto, há meses que a situação no Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas (HE/UFPel) é motivo de preocupação. Especificamente no que diz respeito ao atendimento a pacientes que precisam de cirurgia.

Resultado da insolvência do problema da falta de anestesistas, esta que é uma das mais importantes casas de saúde da Zona Sul do Estado tem deixado de realizar uma série de procedimentos. Pacientes que dependem do SUS e, portanto, recorrem ao hospital estão em grande parte tendo suas cirurgias suspensas ou remarcadas. Como se sabe, infelizmente o sistema de saúde público não costuma ser o mais ágil na realização deste tipo de atendimento. Pior ainda quando dificuldade assim se instala em local de referência.

A crise no HE, no entanto, não traz apenas contornos dramáticos para quem aguarda seu tratamento. Pode se refletir também em maior carga sobre outras instituições de saúde da cidade, segundo argumenta o Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers). Para a entidade, a dificuldade com a ausência de anestesistas e redução nas cirurgias estaria jogando a demanda sobre outros hospitais, criando ainda mais dificuldades a estes locais. Contudo, há um terceiro ponto: a formação de profissionais. Afinal de contas, nos últimos dias médicos residentes de diferentes áreas estão paralisando suas atividades em protesto à situação que prejudica a aprendizagem e treinamento na prática. Com razão, questionam o tipo de capacitação que podem obter frente a uma situação como a atual, em que não conseguem fazer as cirurgias que necessitam para sua formação.

O fim do programa de residência médica em Cirurgia Geral é um extremo dessa tensão cujos reflexos devem se desenrolar ainda por algum tempo, tanto administrativamente - dentro da UFPel, Faculdade de Medicina e HE - quanto politicamente. Afinal de contas, já existem articulações de diferentes setores que têm buscado apoio de deputados federais e gestores da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) com relação à situação.

Em pouco tempo o Carnaval terá terminado e na Quarta-feira de Cinzas haverá também outra ressaca a ser enfrentada, quando a vida retornar ao normal: a da ausência de uma saída para a crise dos anestesistas, dos residentes, do HE. Algo que precisa mobilizar tanto a sociedade e quem defende a saúde pública. É preciso um grande bloco em que se chegue ao melhor ritmo.

Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

Anterior

Fraternidade, fome e dignidade humana

Próximo

Joseph Schumpeter, o economista que viu o futuro

Deixe seu comentário